Pode-se dizer que o vegetarianismo existe há cerca de 5 milhões de anos. Nosso ancestral, o Australopithecus Anamensis, alimentava-se de frutas, folhas e sementes, vivendo em perfeita harmonia com os animais menores, que poderiam facilmente apanhar para se alimentar. Mas estes hominídeos eram pacíficos e não caçavam os animais, e assim continuaram até o aparecimento do Australopithecus Boesei, há cerca de 2,4 – 1 milhão de anos.
Com o domínio do fogo e o desenvolvimento das armas, o Homo Neanderthalensis, (127.000 – 30.000 anos), caçava, em grupos de 10 a 15, animais de grande porte como os mamutes e outros menores como os veados, dos quais tudo era meticulosamente aproveitado.
Em épocas posteriores, as populações humanas começaram a criar culturas fixas de vegetais, que começaram a atrair animais como porcos selvagens, ovelhas, cães, cabras, aves, ratos e pequenos felinos, que foram sendo domesticados e passaram a fazer parte de sua alimentação.
Por volta de 3200 AC, o vegetarianismo começou a ser adotado no Egito por grupos religiosos, que acreditavam que a abstinência de carne criava um poder kármico que facilitava a reencarnação.
Na China e Japão Antigos (por volta do século III, AC), o clima e os terrenos eram propícios à prática do vegetarianismo. O primeiro profeta-rei chinês, Fu Xi, era vegetariano e ensinava às pessoas a arte do cultivo das plantas, as propriedades medicinais das ervas e o aproveitamento de plantações para roupas e utensílios. Gishi-wajin-den, um livro de história da época, escrito na China, relata que no Japão não existiam vacas, cavalos, tigres ou cabras e que os povos viviam das plantações de arroz, do peixe e dos crustáceos que apanhavam. Anos mais tarde, com a chegada do Budismo, a proibição da caça e da pesca foi bem recebida pelas populações japonesas.
Na Índia, animais como as vacas e macacos foram adorados ao longo dos anos por simbolizarem a encarnação de divindades. O rei indiano Asoka, que reinou entre 264-232 AC, converteu-se ao Budismo, chocado com os horrores das batalhas. Ele proibiu os sacrifícios animais e o seu reino tornou-se vegetariano. A Índia, ligada ao Budismo e Hinduísmo, religiões que sempre enfatizaram o respeito pelos seres vivos, considerava os cereais e os frutos como a melhor forma (mais equilibrada) de alimentar a população. Juntamente com estas práticas religiosas, certos exercícios, como o Yoga, associaram-se ao não consumo de carne, para alcançar a harmonia e ascender a níveis espirituais superiores.
Para os povos celtas e astecas, intimamente ligados à natureza, a carne ficava reservada para grandes ocasiões: as festas que serviam para estreitar os laços sociais e ligar o mundo humano ao dos deuses pagãos. De resto, quando não estava ligado ao sacrifício, o consumo de carne dependia da caça. Apenas a caça escapava à lógica do sacrifício, mas no sistema de valores da cultura celta era uma atividade marginal, não fazendo parte do dia-a-dia deste povo.
Por cerca de 2500 anos, europeus e americanos chamavam aqueles que seguiam o vegetarianismo de Pitágoras (ou Pitagóricos).
O termo vegetariano não era comumente usado até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica em 1847. O argumento de Pitágoras em favor da dieta sem carne tinha três “vértices” (como um triângulo): veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. E essas razões continuam a ser citadas hoje pelas pessoas que preferem levar a vida sem carne.
Enquanto sempre houve vegetarianos na população mundial, vários escolheram esse caminho mais por necessidade do que por preferência. O mundo medieval considerava vegetais e cereais como comida para animais. Somente a pobreza obrigava as pessoas a substituírem a carne com vegetais.
O matemático e filósofo grego Pitágoras e o filósofo romano Platão pregavam a não crueldade para com os animais. Eles observaram que as vantagens de uma alimentação vegetariana eram enormes e que este era a chave para a coexistência pacífica entre humanos e não humanos, focando que o abate de animais para consumo embrutecia a alma das pessoas. Os argumentos de Pitágoras a favor de uma dieta sem carne apresentavam três pontos: veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. Estas razões continuam a ser citadas hoje em dia por aqueles que preferem levar uma vida mais responsável.
No início da era Renascentista, a ideologia vegetariana surgiu como um fenômeno raro. A fome e as doenças imperavam, enquanto as colheitas falharam e a comida escassa. A carne era pouca e um luxo apenas para os ricos. Foi durante este período que a filosofia clássica (greco-romana) foi redescoberta. O Pitagorismo e o Neoplatonismo tornaram-se novamente uma grande influência na Europa.
Por volta de 1880, os restaurantes vegetarianos eram populares em Londres e ofereciam refeições baratas e nutritivas. Com o virar do século XX, a população britânica encontrava-se ainda num estado de pobreza. A Sociedade Vegetariana, durante a crise de 1926, distribuía alimentos às comunidades. Devido à escassez de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, os britânicos foram encorajados a “Escavar para a Vitória” (Dig For Victory), para cultivarem os seus próprios vegetais e frutas. A dieta vegetariana manteve a população, e com isso, a saúde das pessoas melhorou muito durante os anos em guerra.
Desde os anos 80 do século XX, a humanidade tem-se focado cada vez mais num estilo de vida saudável. O vegetarianismo passou então a ser associado à saúde e alguns estudos apontaram a carne como causa de inúmeras doenças. Consequentemente, o não consumo de carne e outros produtos animais foi associado à não-violência e ao respeito pelos animais. Desde então, organizações de defesa animal e promoção do vegetarianismo/veganismo começaram a ganhar cada vez mais força e a desenvolver ações mundiais.
Com a população global crescendo progressivamente e os recursos decrescendo de forma assustadora, o vegetarianismo e o veganismo passaram a ser considerados por muitos como a solução para todos os problemas da humanidade e irão influenciar grandemente o futuro das gerações que se seguem.